MINIPALAVRA
Se a matemática encontrou a fórmula para representar grandes idéias, encontrei na minipalavra uma forma de representar contos e poesias. Procuro extrair perfume das palavras e as colho pelos pólens de suas sílabas. Sou um caçador/coletor da era digital e digo que não é tão fácil, nem tão simples assim a caça e a colheita de minicontos. Exige aprimorar o conhecimento, para que a envergadura do arco não seja frágil e a descoberta das estações não fique em vão.
domingo, 6 de fevereiro de 2011MINICONTO 161 - a estrada e o abismo
Ele olhou o sol. Em seguida percorreu com seu olhar a estrada do sol, até seus pés na areia. Ele precisava de se libertar, de encontrar a saída. Seguiu a primeira nuance da estrada do sol. Continuou andando sobre os brilhos e as pérolas que se vislumbravam. No fim do abismo estava o fundo do mar.
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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011MINICONTO 160 - A lã Pô/ema
Era um poema pequeno, tão pequeno, tão, que em forma de grão, uma fada o colou na ponta de sua vara de condão. Ele não gostou, pulou ao chão. Disfarçado em forma de alfinete, um chinês escreveu uma odisséia em sua cabeça. Pequeno, não nasceu para ser pequeno, nasceu com apenas duas palavras: big-bang! Nasceu para uma explosão!
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 03:21 0 comentários Enviar por e-mail
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sábado, 29 de janeiro de 2011MINICONTO 159 - Van Gogh caricato
Pierre sempre foi solitário. Não constituiu família, não conseguiu amigos, não pertenceu a nenhum círculo social. Uma vida abstrata e impressionista. Imprimiu todos os quadros de Van Gogh que pode, repetiu-os ao máximo e colou nas paredes de seu apartamento. Sua realidade interna foi a máxima expressão de sua verdade pós-morte.
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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011MINICONTO 158 - Franz Kafka roda a baiana
Agora os terminais de ônibus possuem bibliotecas sociais. Grande passo da sociedade civil organizada. Afrânio leva para casa dois livros de Kafka: A Metamorfose e O Processo. Um passo em falso. Enquanto ele canta no chuveiro, sua esposa folheia rapidamente os livros: "Ah! só faltava esta! Ele vai fazer um curso para se transformar numa barata. Aí eu dou uma vassourada nele. Ele volta ao real e me processa por violência familiar!" No outro dia no consultório médico: "Doutor, vê se aumenta mais a minha dose de Rivotril!"
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terça-feira, 25 de janeiro de 2011MINICONTO 157 - El tiempo
Todos os dias passeava pelas ondas na beira da praia. Conversava com elas seus sentimentos. Mas o tempo passa. Agora, velho, sentado no banco, Seu Galeao olha o dorso do mar. Entre os dois há um segredo muito grande. O mesmo que as ondas apagaram e que ficou guardado no cofre longínquo da lembrança. Um tesouro de perguntas e respostas que não ficou enterrado no fundo do mar.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 05:09 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 156 - Vida vazia
Primeiramente entregou a criança para o asilo do esquecimento.Em seguida matou o monge. Todos os seus mantrans jogou-os ao lixo. Sepultou o poeta. Envelheceram as flores, o sol secou no horizonte e não havia mais borboletas amarelas na varanda. O que se pode dizer daquele homem rodeado de papéis, sob o seu terno e gravata, naquele mórbido escritório?
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 05:01 0 comentários Enviar por e-mail
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terça-feira, 18 de janeiro de 2011MINICONTO 155 - Confiteor Deo omnipotenti, mea culpa?
No início quem não prestava era aquela maldita professora da creche! Mas, também os do ensino fundamental e médio! Inclusive coordenadores, supervisores e diretores! Agora esta p... deste padre, que já está atrasado para a missa de sétimo dia de seu filho!
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 02:49 0 comentários Enviar por e-mail
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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011MINICONTO 154 - psiquê
Mais cerveja, mais...a mesa está cheia, contando com as que já bebeu, completa um engradado!!! No seu inconsciente tem um baú muito antigo, afastado para bem longe, de uns doces guardados numa cristaleira fechada a chave. A chave bem escondidinha pela mamãe.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 04:53 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 153 - ciúme
Um corpo de mulher no chão. No carro policial um homem algemado. Um palmo de pano não custa quase nada. Mas a menos, custou a morte da pobre moça.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 04:48 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 152 - pensamínico
Arthur enamorava o mar. Naquela enseada, em forma de sereia. Não era Rei, não pertencia à Távola Redonda, não foi discípulo de Merlin, nem empunhava a espada de Excalibur; apenas observava as ondas vindo e indo, imaginando quem ia e vinha mais do que seus pensamentos.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 04:41 0 comentários Enviar por e-mail
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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011MINICONTO 151 - Adiós! Hasta siempre!
Vera olhava em volta da cama. O guarda-roupa envernizado, a cortina rendada na janela, entreaberta, escapando um pouco de sol. Estava despedindo do ex.
Adeus quarto, casa, rua, bairro, país, universo, adeus tudo. Este mundo é passageiro. Este mundo é ex.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 09:56 0 comentários Enviar por e-mail
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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011MINICONTO 150 - doutoreco
Dr. A.B.Surdo ouve atentamente a mais um paciente. Neuropatite, sinusite, palpitações, dor no estômago, pleurite......Sua receita e seu milésimo palpite: 0,5 g de ácido acetilsalicílico + 0,3 g de cafeína.... uma droga que se encontra em qualquer esquina, base do melhoral (faz bem se não faz mal).
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 06:45 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 149 - inversão
O pastor brada dentro do apartamento. Prega e reprega o mesmo evangelho todos os dias, para os seus e a vizinhança inteira. Os muitos anos na prisão conduziram-no a uma outra prisão.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 05:03 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 148 - retorno 8
Adamour e Evany acordam bruscamente devido ao som fortíssimo de uma buzina. Não é fácil dormir no décimo andar sobre uma avenida. Acordar assim é pior. Como é dificil levantar. Reviver o passado adâmico da expulsão do paraíso.
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MINICONTO 147 - retorno 7
Por que este amor doentio por uma mulher? Artur confabula idéias. Enfim, descobre. Não passa de uma lembrança arcaica. Vida de ectoparasita aéreo. Quando o ser sai da água, necessita retirar através do lodo, seu alimento do interior da terra! A transformação anfíbia!
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 04:47 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 146 - retorno 6
A regressão é instantânea. Vê-se como um endoparasita aquático. Sua mãe o abastece no útero. Num salto volta às primogênitas águas revoltas há milhões de anos. Há uma representação cosmogônica no mundo uterino.
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MINICONTO 145 - retorno 5
A discussão alcança seu ponto crucial. Fernanda pára e silencia. Diante do caçador, o lagarto abandona sua cauda em suas mãos.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 04:35 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 144 - retorno 4
Com um binóculo percebe-se naquela janelinha os escapes dos abraços, dos carinhos e das mãos deslizantes... Um raciocínio fisiológico e parafenomenal esconde-se sob seu olhar bifocal: "os egos buscam a garantia de que é possivel sobreviver após o início de uma vida anfíbia!"
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 04:32 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 143 - retorno 3
Fitar as estrelas e ser considerado um poeta ou sonhador? Pobre vizinhança, que não percebe qual o sentido de nossa gênese. Antonio apalpa seu pensamento e descobre que a estrutura do seu ser é totalmente coerente com o simbólico.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 04:27 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 142 - retorno 2
Seu sono é profundo e sua forma de dormir é secular. Recolhe os joelhos com as pernas junto ao abdomem. Encolhe o tórax e a cabeça. Parece uma bola revivendo sua antiguidade filogenética/uterina.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 04:21 0 comentários Enviar por e-mail
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