MINIPALAVRA
Se a matemática encontrou a fórmula para representar grandes idéias, encontrei na minipalavra uma forma de representar contos e poesias. Procuro extrair perfume das palavras e as colho pelos pólens de suas sílabas. Sou um caçador/coletor da era digital e digo que não é tão fácil, nem tão simples assim a caça e a colheita de minicontos. Exige aprimorar o conhecimento, para que a envergadura do arco não seja frágil e a descoberta das estações não fique em vão.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010MINICONTO 122 - sem post grad
As rodas do carrinho rangem pelos corredores do hospital. Gravidez precoce? Aborto forçado? Direção: sala cirúrgica. Retiraram a banana. Realidade cênica e cômica: repressão da libido.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 07:36 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 121 - fatidico
Ponto, ponto final. Até aqui, nada a declarar. Pronto: ENTER! Agora sim, a polícia o procurava por toda parte.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 03:51 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 120 - modificação
No seus vinte anos, ele tinha vinte desculpas para sair mundo afora e virar tudo do avesso. Agora, com vinte doenças, se senta.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 03:45 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 119 - mudança bilateral
Voltou à terra natal para rever um acontecimento de sua juventude: encontrar a antiga árvore, com uma coração desenhado no caule.Dentro dele o seu nome junto ao da primeira namorada. Brincadeira? A árvore levou a sério. Cresceu: num galho um semicírculo com o nome Luan. No outro, Madalena. Retornou com o coração partido.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 03:41 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 118 - caution
Lá estava a garrafa. O mar atirou-a sobre a areia. Correu, retirou a rolha. Nenhum gênio do bem saiu com as três respostas na ponta da lingua, seus braços cruzados, sua roupa de faquir, mas cheio de riqueza. Cheirou a garrafa e jogou-a fora. Três dias depois morreu vítima de uma estranha bactéria.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 03:36 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 117 - ginástica mental
Quanto mais ampliava a foto, seu rosto mais diminuia. Quanto mais diminuia, o inverso acontecia. Preferiu carregá-la mesmo no coração.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 03:33 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 116 - descoberta
Tomou à direita uma ruazinha. Aliás umas das primeiras, anteriores ao progresso. Casarões com varandas silenciosas. Umas florzinhas entre as pedras, cochilando à tarde. Janelas compridas e azuis fechadas para ninguém. Coladinhas umas às outras, as casas en la siesta. Por que chamavam de principais aquelas avenidas?
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 03:30 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 115 - adiós
A brincadeira na praia: enterrar o outro até o pescoço e depois desenterrar."Agora é a minha vez!" Oto escuta um estrondo. Olha de lado e percebe que se formam ondas de quinze metros de altura. Corre apressado em direção ao barranco, batendo com a cabeça numa placa: Cuidado turista. Na cheia é comum formar-se ondas que cobrem toda a praia.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 03:18 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 114 - evolucion
Seus bonecos de sombras à meia luz, feitos com as mãos, dançam na parede do quarto. Um boneco tenta fugir. Com um rápido movimento com a mão direita consegue pegá-lo. Repete a malícia da serpente.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 03:14 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 113 - divagação
Distrai-se vendo formatos de pessoas nas nuvens. Enfim, muda todos os seus hábitos alimentares.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 03:12 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 112 - emoção
Abaixa no lago para ver seu rosto. A estradinha, o paiol, eram o mesmo. A pontezinha de madeira com o tempo caiu. Mira de novo no espelho da água o seu semblante. Também o fundo do lago não era o mesmo!
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 03:11 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 111 - apocalipse
Acelera e atravessa todos os sinais verdes da cidade. É necessário chegar a um lugar seguro. Pela janela do carro a paisagem passa amarela e vermelha.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 03:07 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 110 - c'est fini
Pé sobre pé seguindo a marcas na areia da praia. Elas vão descendo em direção ao mar. Olha pra direita, esquerda, para trás:ninguém! Em frente, o oceano, imenso, levantando brumas ao vento!
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 03:05 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 109 - desce a cortina do teatro
Depois de completado o jogo de palavras cruzadas, Martha olhou seriamente em seus olhos: "Você diz que é o máximo no jogo. Tem certeza que acertou tudo? Então assina em baixo!" Pronto! Acabou de assinar seu último testamento, após chamá-la de tola por mais de trinta anos.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 03:01 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 108 - mídia x mídia
Todos assistiram à decolagem do ônibus espacial. Tal um filme de Spielberg! 30.000 Km/h no espaço! Azul e rosa se tornam o céu! Voltam para seus lares. A mídia não pára de servir seus outros pratos maravilhosos, dia a dia: fórmula um, campeonatos, guerras, cataclismas, pompas, acidentes ecológicos, modelos... O que foi pro espaço, foi pro espaço!
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 02:58 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 107 - costume burguês
Seu hobby: visitar berçários. Olhar e admirar os récem nascidos através da vidraça. Depois? Só andar pelo shopping super lotado. Fazer compras e mais compras. Sair atropelando-se entre as centenas de seres humanos que a incomodavam tanto e desviar-se dos pedintes que lhe minavam a paciência. Até na entrada da missa, eles enchiam-lhe o saco!
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 02:53 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 106 - substituição
Colocava sua única roupa de marca. Levava sua única pasta de couro. Levantava a cabeça como um lorde e saía. Quando voltava, pendurava tudo num velho guarda-roupa, desfazia-se do simulacro, para ser apenas João.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 02:45 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 105 - (não seria um minipoema?)
Olhava no céu a mesma estrela e pedia: "estrela guia, faça com que ela volte!" Embora surgisse no outro dia, ela cujo brilho vinha de milhões de anos-luzes, já desaparecida, tornava mais vaga a ausência sentida.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 02:42 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 104 - niño
Sentou-se na varanda. Os prédios não tinham graça nenhuma. Quando aparecia um vulto, com ar de burguês desaparecia. Paisagem ridícula de cimento. Se soubesse, teria cavado os mais profundos poços em volta de seus castelos de areia.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 02:39 0 comentários Enviar por e-mail
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MINICONTO 103 - future
Para cada maltrato recebido: "um dia você se chamará saudade!" Conseguiu viver com ela muitos e muitos anos. Só não conseguiu conviver com a saudade!
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 02:36 0 comentários Enviar por e-mail
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