quarta-feira, 10 de novembro de 2010MINICONTO 34 - ???
Sempre juntos. Muito certinhos. Sete horas é sete horas. Marcou, tem que cumprir. Casaram-se. Diziam que eram almas gêmeas. Um para o outro. Passaram-se anos. Sempre juntos. São agora dois ponteiros de relógio: um é o das horas, mas o outro é o dos minutos.
MINICONTO 33 - zigmacrítico
Errou um? Os outros também! Está fora do local? Os outros também! Perdeu o rumo? Todos perderam! Não está no lugar certo? Os outros também não! Ele pensa que a festa está maravilhosa. Tudo conforme o combinado. O cardápio um show. O anfitrião anda prá lá e pra cá com a camisa puxada.
MINICONTO 32 - alfabsurdo da realidade
"Estamos aqui, juntos, unidos, reunidos, irmanados, associados, entrelaçados, em torno de nós, neste recinto, neste lugar, neste espaço, nesta área, alegres, felizes, contentes, maravilhados e satisfeitos."
O Presidente do Instituto Teológico, cumprimenta-o pela complexidade do discurso, coloca o anel de formatura em seu dedo, apresenta-lhe o rolo contendo o diploma de Bacharel em Teologia e dá um sorriso animalesco para a platéia, com a réplica de múltiplos concordantes do seu círculo assim-assim, assim-assim, assim-assim.
MINICONTO 31 - Zetabsurdíssimo
A intenção de Vera foi esta mesma: ir para a festa, beber até encher o talo, comer de tudo, dançar e esquecer seus problemas. Quando chega em casa começa a ouvir sons: "diz que chego amanhã"..."manda o cheque"... "não sei..." "vai lá"...."a visita é depois das três"...
Vera está tonta e cai. Direto para o hospital. Sala de cirurgia. No outro lado da cidade: "meu filho, pelo amor de Deus, então você enfiou o chip do meu celular dentro da torta?"
MINICONTO 30 - ômega
Dr.Teodoro é um juiz super atarefado. Processos se apinham ao seu lado e a custa de três enfartes ele não deixa a peteca cair no chão. Sua antiga secretária exibindo um decote, traz um fardo de folhas. O juiz proclama: "lendo na página centésima sexualgésima, encontramos no processo as razões do delito."
Por atos falhos freudianos ele não deixa cair nem a peteca, nem a merreca.
MINICONTO 29 - y abandonado numa equação
Por seu mínimo metro quadrado passa sorvete, pizza, carne de primeira, queijo suíço, azeitonas importadas, vinho francês, sucrilhos, chocolates, enlatados.
Oito horas sentada. Martha fecha o expediente às 8:45 h. Apanha sua cesta básica que vai carregar até o ponto de ônibus. Só não passa sua dor na coluna.
MINICONTO 28 - meio x
A namorada? São duas quadras à direita. Ali é a mãe do Patrício. Calma, rapaz. Não precisa de pressa. Aqui prevalece o vazio. Não precisa de acelerar tanto. Seu acelerador já provocou suas percas. Tem uma funcionária que troca as flores duas vezes por semana.
Hoje é sábado. Paulo compra o jornal. Senta-se. Deita-se sobre o jornal, no banco do ponto de ônibus. Participa de uma caçada policial. Entra numa casa abandonada e se esconde. Tiro por toda parte. Uma senhora apanha o jornal sobre o banco. Vai lendo aos poucos. O jornal estava um pouco pesado e joga-o no valão. Paulo chega em casa todo sujo de esgoto.
MINIPOEMA 6
Último ponto:
pronto!
O carro?
Esqueca-o bicho.
É tal qual
papel
amassado no
lixo.
Seus pais:
deixa disto!
MINICONTO 26 - absurdo nearrow
Alguém me persegue. Deste ângulo da sala vejo sua sombra sob a porta principal. "190! Ele é alto, de boné e violento!" Resolvido. Saio. Parece que ele se abaixou no estacionamento. Vou a todo vapor. Na avenida ele vem atrás. Dobro à esquerda em frente à delegacia. Ele some. No supermercado: escondeu atrás das gôndolas 19 e 20. Entrou um guarda federal e ele fugiu. Na lanchonete: sento-me em uma mesa a dois. Combino com o da frente de pedirmos os pratos e depois os trocarmos. Falo que dá sorte. Funcionou! Saio rápido antes que ele caia e morra à minha frente.
No divã: me lembro sim, tinha dezenove anos, estávamos no parque quando os militares nos prenderam. Os revolucionários nos levaram para uma prisão distante. Um pingo de água torturava minha cabeça a noite inteira. Fátima morreu com um chute no ventre. Saulo de pneumonia, Carla de hemorragia. Fingindo-me de bondoso, fugi. Mas isto já faz quarenta anos doutor. O senhor acha que tem alguma influência na minha doença?
MINICONTO 25 - ~ semelhante
Ela obedece a mesma rotina: sai do carro, dá aquela voltinha sensual, abre a porta lateral, mais uma bolsa de marca, sapatos altos, requebra na sombra da vidraça da portaria e entra.
Eu, daqui desta janela, ela nunca me percebe. Paixão à meia distância da vista.
Acordo: duas da manhã. Oh! a janela do seu quarto está aberta. Ela tem outro! Ela não! ELE! ELE & ELE !
As sombras nas paredes aumentam seus dotes.
MINICONTO 24 - / quantificação invariavel
Sol da manhã, de frente pro mar, sala dois ambientes, sacada, play graund, duas suites, aeroporto em vinte minutos, portão eletrônico, interfone, porteiro dia e noite, ao lado do Mc Donald's, encostado no Shopping...esquina charmosa...
Ela ainda admira o anúncio de uma semana atrás, recortadinho, preso sob uma jarra de artificiosa primavera.
Para os fantasmas da solidão ela tem em dia uma caixa de diazepam.
MINICONTO 23 - V disjunção lógica
No meio da montanha o arcebispo estava com a batina toda rasgada: "procurem o Cristo. Encontrem-no de qualquer maneira!" Alguns sobreviventes procuram-NO por toda a parte, pelas saliências do terreno. Várias macas sobem com corpos agonizando. Helicópteros atentos sobrevoam a região. Um garoto que se amorteceu numa mala, apontou para a cruz vazia na mão do religioso e perguntou: "porque será que ele pulou do crucifixo, na hora em que o ônibus rolou pelo precipício?"
MINICONTO 22 - absurdo não q ou i
O pastor atravessa um pântano e uma mata. Só lhe falta vencer a correnteza caudalosa do rio para escapar do linchamento. Ainda escuta uns sons: "alô alô alô jornal nacional! Pastor Admastor transa com a mulher do coronel Arlindo!" A bicicleta de som engoliu o disco.
Há uma semana atrás a cidadezinha estava calma e o ar devidamente lindo. Somente a oposição enraivecida com a notícia da candidatura do pastor a prefeito, arquitetava um plano em volta de um maníaco.
MINICONTO 21 - absurdo y 2.1
As duas solteironas tentam rapidamente fugir do estupro. "Táxi!!!!!!!!!!"
O farol do táxi ilumina de baixo em cima o cartaz na porta do teatro: "última exposição de Picasso".
MICONTO 20 - absurdo y 2
O incrível Hulk sai apressado do carro. O povo entra em pânico. O bar esvazia. Ele mesmo se serve com uma coca-cola. Entra no carro de novo e segue viagem.
Apertando o rev: o carro está parando, ele vem por uma rua estreita, confunde na avenida a entrada da cidade, vem pela BR, está saindo do RJ, o lutador King Kong termina de se maquiar, King Kong acorda, King Kong trabalha a semana contando os dias, a mãe de King Kong mostra para ele o anúncio de um concurso de fantasias: 10.000 reais para a fantasia mais verdadeira! no interior de Minas Gerais.
MINICONTO 19 / axy = p + z
Da. Elza está atenta no programa de televisão. Aguarda o telefonema do programa Doação do Amor. "Lembro-me bem, meu filho. Escutei um rosnar debaixo da cama. Pensei que era o cão. Estava acordando. Chutei o chão. Rág!!!! Meu Deus, deixei a porta aberta. Pela fresta vi o esqueleto do meu cão. Desacordei. Bam! Bam! Bam! acordei de novo. Arrastaram o bicho pra fora. Foi quando vi um pé humano cair no chão"
Conta-se em várias localidades vizinhas que um circo dos horrores atravessou a madrugada, com uma caixa mágica em forma de jaula aberta.
MINICONTO 18 / axy - z = p
Em suas mãos a receita com o CID 23.0. Contempla as formiguinhas seguindo o caminho das letras engarrafadas do médico.
Escuta um tremendo estrondo: booooooooooooommmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm!!!!!! Desliga o fogão a gás.
Olha através da janela: dois aviões Boeing pretos vão em direção às duas torres!!!!!!!!!!!!!!
Engole num só susto o comprimido de lorazepam. Acorda não sabe quantas horas depois. A tarde cinza deságua sobre as duas torres da Matriz, com um urubú posado em cada arco.
Um braço,
outro braço:
dois braços,
em abscissa,
cabeça,
tronco,
per
na
s,
em ordenada,
o ponto
é o umbigo.
Nenhum abraço.
O coração
aos
pedaços.
MINICONTO 17 - absurdo axy + p = z
Silas chegou cansado da longa viagem. Também fez o que sempre sonhou. Jogar em cassinos e dormir em boates. Conhecer uma garota com ar de boneca. Guardou as malas. As chaves do carro cairam na poltrona. Os documentos ficaram espalhados sobre a mesa da sala.
Dolores estava mais abatida que perdiz de caça. Lançou sua bolsa sobre o criado mudo. Colocou os sapatos sob a cama. Tirou os cílios. Arrancou as sobrancelhas. Retirou as dentaduras e as unhas postiças. Escovou a peruca loura e esticou-se na cama com uma camisola bordada hecha em Paraguay. Dormió con sus dolores hechas em Paraguay.
Postado por José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem às 15:27 0 comentários Enviar por e-mail
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José Luiz Teixeira do Amaral/Adameve El Salem
Escritor, poeta, inspirado pelas luzes dos antigos sábios e ensinamentos sagrados, herdados da Península Ibérica, através dos filhos de Abraão.
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